DESENCONTRO


 (para a Ana Luísa)


não me adianta

correr até Leça mergulhar 

em mar gelado levantar

pesos incomportáveis

esforçar o meu corpo até

que ele me atire ao chão

porque o teu rosto

está tatuado nos meus olhos

a tua voz no meu coração

a tua pele na ponta dos meus dedos


eu era virgem de humana força

até conhecer-te imensa ternura

tão quase igual na vida como em 

poesia apenas fingindo qb a

dor que deveras sentíamos e

as palavras que usámos entretecidas

com abraços prolongados até

à varanda sobre o mar

misturavam-se com gatas e Emily

sentadas nos colos


não é saudade o que sinto

é um rasgão no peito uma

revolta infinita uma culpa

de aqui estar sozinha porquê

se havíamos tanto ainda

a amar e se havias tu ainda

tanto a escrever-me

sobre o corpo?



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